SÃO PAULO (Reuters) – A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, concluiu que é seguro para consumo o açúcar produzido a partir da cana geneticamente modificada brasileira desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), segundo comunicado da empresa.
“Com base nas informações e documentos apresentados, a FDA concluiu que, tanto o açúcar bruto quanto o refinado, produzidos a partir da primeira variedade de cana geneticamente modificada do Brasil, são tão seguros para o consumo quanto os provenientes das variedades convencionais”, afirmou o CTC em nota, ressaltando que a agência norte-americana é uma referência global.
A Cana Bt, que teve tecnologia do CTC aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) no ano passado, é resistente à broca, inseto que gera prejuízos de 5 bilhões de reais por ano à indústria brasileira em perdas de produtividade agrícola e industrial, qualidade do açúcar e custos com inseticidas, segundo a empresa.
O gene Bt usado na variedade tem pelo menos 20 anos de uso seguro na agricultura global, principalmente em culturas como soja, milho e algodão.
“O reconhecimento pelo FDA é motivo de orgulho para todos nós, pois trata-se de uma das agências reguladoras mais relevantes e criteriosas no cenário internacional”, afirmou o diretor de Assuntos Corporativos do CTC, Viler Janeiro.
O CTC é uma empresa 100 por cento brasileira com foco em pesquisa, desenvolvimento e comercialização de variedades de cana-de-açúcar e outras tecnologias disruptivas.
Em março, a Reuters reportou que o CTC, líder mundial em pesquisas com cana-de-açúcar, planeja submeter à CTNBio até duas variedades da planta resistente à broca na safra 2018/19, em mais um passo rumo à oferta pública de ações prevista para 2021.
A Cana Bt aprovada já foi plantada em 400 hectares por cerca de cem usinas Brasil afora, mas não deve ser moída na atual temporada. Isso porque as usinas trabalharão primeiro na multiplicação dessa variedade, enquanto aguardam aprovação de outros importadores de açúcar.
Estabelecido em 1969 em Piracicaba (SP), o CTC, que tem grandes empresas do setor como Copersucar, Raízen e São Martinho como acionistas, reestruturou-se ao longo desta década como Sociedade Anônima, passou a gerar receitas por meio da cobrança de royalties e direcionou seu plano de negócios para pesquisas, o que inclui os estudos com novas variedades de cana.
O BNDESPar também está entre os acionistas.
Fonte: Reuters – Por José Roberto Gomes
(https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1GE2Q1-OBRBS)